Agora, venho, eu, aqui, transformar em palavras pulsões de morte e vida que se sucedem na minha existência. Em algum momento, parece que as emoções morreram, o mistério, a surpresa, a vislumbração. Em algum momento, tudo foi obrigado a virar letras, palavras, frases. Tudo tem que ser traduzido da forma mais didática para que seja possível entender a tristeza, a alegria, a solidão, a paixão, o desejo, e todos os outros possíveis sentimentos que estejam pulsando. Em que momento paramos de tentar decifrar, tentar entender, tentar montar esse grande quebra-cabeças que a vida? Em que momento nos tornamos chatos o suficiente para que em vez de viver a poesia, tenhamos que ter todas as explicações dos anseios do poeta? Em que momento a racionalidade ganhou força e assumiu o espaço do corpo, do toque, do cheiro, do gosto, do som, e da imagem?
Será mesmo que vamos à um museu para que nos digam como pensar e interpretar a obra de arte, ou vamos experienciar o desconhecido?
Um salto no abismo.
Um salto para o caos.
Se nem sabemos quem somos nós e do que somos capazes de fazer, como desejar conhecer cada pedaço do outro sem nos arriscarmos em um labirinto de dúvidas, inconsistências e medos?
Lembrando que esse labirinto é feito de arbustos vivos e pulsantes, que se transformam a cada segundo em novos caminhos, desejos e vontades.
Nos perdermos no outro também é uma forma de nos encontrarmos. De transformarmos.
E deixe as pegadas se apagarem atrás de nós.
Desse forma, o ultimo a sair, não esquece de fechar a porta.
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