terça-feira, 15 de agosto de 2017

E se eu estiver me esgotando em mim?

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Existem dias que a vida pesa em nós. Todas as nossas energias são sugadas. Nada nos resta se não a certeza de que não somos nada que um dia sonhamos ser. Hoje estou no chão e o silêncio é minha companhia.

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Quanto vale um sorriso?

Uma discussão sobre a arte de rua.

Vivemos em uma sociedade que, a cada dia, se torna mais e mais atropelada. As pessoas têm trabalhado mais e de resultado têm menos tempo para ser feliz. Não precisamos nem entrar nas discussões políticas sobre o futuro dos trabalhadores brasileiros para entender que o tempo se torna mais comprimido a cada dia que se passa. A nossa cultura nos constrói para que busquemos riquezas materiais; a ascensão para uma classe econômica privilegiada. Não é culpa nossa (ou talvez seja). O fato é que fazemos cargas de trabalho sobrecarregadas no sonho de uma felicidade divulgada pelos meios de comunicação, uma felicidade de consumo.
O problema é que nessa vida propagada pela mídia, não sobra tempo para viver. O tempo é ocupado com diversas questões diretamente relacionadas ao trabalho. Carga de trabalhos exageradas, horas parados em trânsitos intermináveis em horários de pico, estresse pessoal resultado de grande cobrança no trabalho, descuido da saúde física e mental. Em meio a todas essas questões, me pergunto, quanto vale um sorriso? Quanto vale a possibilidade de ter um escape mental inesperado, de poder esquecer de preocupações e sofrimentos? Quanto vale conseguir respirar por alguns minutos e se divertir?
Antes de entrar efetivamente no ponto principal da discussão, é importante falar um pouco sobre a arte. Talvez eu não saiba realmente conceituar “arte”, porque a arte é efêmera (claro que, pensando em artes visuais e musicais elas conseguem se propagar por uma extensão maior de tempo, mas penso na efemeridade do que se entende por arte). O que se entende de arte é transformada com a sociedade e o tempo, um bom exemplo desse entendimento transformado sobre a arte é o grafite e a pichação que por um longe período não eram considerados arte (e ainda hoje existem discussões intermináveis sobre essa vertente da arte de rua), a arte rupestre era um dos grandes achados dos arqueólogos.  Perceber que a arte se transforma com o tempo possibilita entender que o conceito de “arte” não é solido e sim maleável com as necessidades da sociedade.
A arte é necessária para a sociedade, pois tem a capacidade de transformar. Podemos pensar em distintas questões transformadoras de diversas artes na sociedade: a arquitetura que transforma os ambientes de trabalho e lazer de maneiras que as pessoas se sintam mais acomodadas ao lugar; a pintura que complementa a arquitetura, dando vida aos ambientes; o design de todos os produtos que são consumidos, desde celulares e carros até mesmo às refeições; a música que tem o poder de se encaixar em qualquer situação e transformar ou potencializar os sentimentos do momento; a dança que contagia os corpos ao se encontrar com as músicas. São ilimitadas mudanças que a arte traz a vida cotidiana, o que se pode dizer que a vida como conhecemos é um resultado da influência de diversos artistas, até mesmo, de alguns que se quer entendem-se como tais.
Com isso chegamos a grande questão: A arte de rua. Existe um grande preconceito sobre os artistas de rua. Essa afirmação pode te parecer estranho se você percebe a arte de rua como arte, mas esses artistas são facilmente confundidos com bêbados e vagabundos que só querem pedir dinheiro sem trabalhar. É muito penoso escutar as pessoas desvalorizando os artistas de rua como desnecessários a sociedade, sem ao mesmo tempo perceber que esses mesmos artistas são os que proporcionam a arte mais democrática, pois todos têm o direito de assistir sem a obrigatoriedade de pagar.
Ao decidir ver um filme no cinema é necessário que você pague uma entrada antecipada, sem nem mesmo saber se o filme que será assistido vale ou não tal valor. O mesmo acontece com museus, operas, ballet e concertos. É necessário ter uma quantia em dinheiro (muitas vezes exorbitantes) para ter a possibilidade de vivenciar tal experiência, mas ao mesmo tempo, muitas pessoas não têm os recursos necessários para isso. No teatro de rua o caminho é inverso, todos assistem como iguais, ao final da experiência cabe da consciência e possibilidade individual para o pagamento.
Volto a questão inicial, quanto vale um sorriso?
A arte de rua é tão boa e tão importante como qualquer outra arte, então porque para outras artes o valor que você paga as vezes chega a ser mais de cem reais, e para artista de rua só lhe resta pequenas moedas que estão “sobrando” em sua bolsa/carteira? Pensando em um dia de trabalho estressante, um transito infernal, um calor e em sua cabeça só problemas e reclamações, de repente, em um semáforo vermelho entra um malabarista, um palhaço, um dançarino, ou algum outro artista, que em menos de um minuto tem a capacidade de fazer um sorriso brotar em sua cara, te dá a possibilidade de entender que a vida é difícil, mas também é cheio de coisas boas.... Quanto vale isso? Dez centavos? Vinte e cinco? Um real? Dois reais? Ou você realmente entende a preciosidade desse momento e vai procurar em sua carteira/bolsa o valor que realmente condiz com a diferença que esse artista fez em seu dia?
Não tem problema você só ter alguns centavos disponíveis, se quer tem problema de você não ter dinheiro nenhum. Você pode e DEVE assistir e aproveitar daquilo que está ali para transformar seu dia. O problema é você não apreciar o trabalho árduo de alguém que, mesmo com a possibilidade de não ganhar nada, está ali fazendo seu melhor e transformando um semáforo por vez, a vida das pessoas que se deixam transformar.
A crença constante de que os artistas de rua são meros vagabundos é uma forma de preconceito, que (como qualquer outro preconceito) deve ser combatido, pois a maioria desses artistas optaram em trabalhar nesses locais, por diversos motivos. A constituição diz que todos têm direito a arte e cultura, são esses artistas os fomentadores dessa cultura, e, na maioria das vezes, sem nenhum incentivo do estado.  O incentivo que os sustentam é o individual, é os aplausos do público, os sorrisos e os pagamentos de forma voluntária dos espectadores. São com essas colaborações do público que o permite comer, pagar suas contas e continuar trabalhando para que possa apresentar, cada vez mais, um trabalho mais refinado e completo.

Artista de rua não é mendigo. Não pede esmola. Artista de rua não quer sua pena. Artista de rua vende sonhos, vendo sorrisos, vende ar, vende vida, vende o mais lindo de si e vende tudo isso sem cobrar nada, vende sua arte por respeito. É esse respeito que ele pede em troca que vai te fazer entender que o trabalho dele deve ser recompensado com muito mais. E pensando assim, são poucas as pessoas que se entregam de graça na esperança de serem reconhecidos e recompensados. Lembre-se de sempre recompensar tais artistas, da forma que for possível, um aplauso, um sorriso, uma moeda, e, por favor, algumas notas se tudo der certo.