sexta-feira, 31 de julho de 2015

Da vontade de sumir

Um dia, em meio minhas loucuras e agonias, decidi que seria dono de mim, que nada nem ninguém me derrubaria, pois sabia que no fundo, no fundo... somos todos sozinhos. Somos pessoas egoístas presas em suas próprias solidões. O medo de nossos próprios medos nos fazia acreditar na necessidade de nos envolver uns com os outros. E eu, sempre na minha inocência de vida, escolhi ser auto suficiente. Cuidar do meu corpo, da minha mente e da minha alma por conta própria (claro que isso não conta meu pai e minha mãe). Decidi assim que a solidão não seria meu medo, mas meu triunfo, pois enquanto todos estivessem se desfazendo no medo de não ter ninguém, eu estaria me esforçando para ser quem eu sou. Por anos, essa escolha foi nada além do que muito bem sucedida. Se ficasse doente, me cuidava sozinho. Se ficasse triste, me faria rir. Se ficasse louco, curtiria minha loucura. 
Descobri então que a vida assim é muito mais fácil do que pode se parecer em qualquer outro lugar. Apesar de construir certas barreiras invisíveis a qualquer um. 
O amor é algo estranho, algo complexo, algo que não dá para ser explicado com facilidade. E graças ao amor, minhas barreiras foram quebradas. 

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Do ofício ao vazio.
Talvez nunca tivesse percebido, mas existe uma necessidade de criação em mim.
De repente, algo tão ... sutil, me faz falta como água.
Sempre foi tão mais fácil pensar em meio ao caos da criação, que ultimamente na ausência dela me sinto... empacado. Paralisado. Ou qualquer coisa assim.
As vezes é difícil de respirar.

domingo, 26 de julho de 2015

Então... o mundo parou.
Não tinha muito mais o que falar sobre esse fato estranho que me acontecia de repente. Era como se não existisse mais vida, não existisse mais energia que se deslocasse de mim ou pra mim. 
Sentia um enorme vazio interno que me impedia de sentir qualquer outra coisa. 
Não tinha raiva, não tinha ódio, não tinha tristeza, tão pouco alegria. Eu só estava lá. No mesmo lugar de sempre esperando algo acontecer. Não sei bem dizer quanto tempo se passou, mas posso te afirmar que a sensação que tive foi de aproximadamente uma vida. Quantos minutos cabem em uma vida? Quantas vidas em um minuto?
Eu tentava respirar, para sem bem sincero era a unica coisa que pensava, na respiração.
Calma. 
O ar continuava se segurando para não entrar em meu pulmão fazendo assim a vida pulsar. 
As vezes bate aquele desespero de simplesmente não saber mais como viver. As vezes o céu se abre de uma forma tão majestosa que simplesmente você sabe exatamente o que fazer para o resto da sua vida. No meu caso... Nada. Simplesmente NADA.
Não é que eu não soubesse, ou soubesse, o que fazer 
De repente você acorda com medo.
Medo de tudo, medo do mundo.
Acorda depois de uma hibernação proporcionada por drogas na tentativa frustrada de aliviar dores do peso que carrega consigo.
Bate aquele desespero de não saber mais quem é.
Aquela insegurança de não conseguir ser bom o suficiente para o mundo.
Hoje me vejo sem forças. 
Talvez precisasse de velhos momentos para encontrar ânimo a continuar.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Silêncio.

Uma constante que me incomoda.
Hoje sinto medo de sentir, já perdi a sanidade que um dia tive. 
Sentir pede reações, e tudo que queria era sumir.
Deitado em minha cama, me ver diminuir aos poucos,
até que seja imperceptível minha presença nessa casa vazia.
Talvez só esteja cansado de ser a decepção que sou.
Ou então de constantemente machucar a todos que me rodeiam.
Cada dia mais tenho aquela certeza mais presente em mim.
Aquela velha ideia de que a solidão me condiz melhor.
Quem tenta, por qualquer motivo, se relacionar comigo,
acaba arrependido. Triste. Machucado.
A solidão me consome, mas seria ruim assim ser consumido?
Hoje, minhas ausências, minhas lacunas na mente, me faz falta.
Como queria esquecer de tudo.

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Na calada da noite eu me vejo só ... não sei bem como o tempo passa, mas tudo muda de uma hora para outra. Sentimentos quem pulsam em mim. Saudades. Alegrias, amores e tudo mais. Será que a vida não é aquele carnaval que sempre sonhei? Tento incansavelmente ser o que o mundo espera de mim, mas insisto em falhar com meus desesperos. Aquele de ficar sozinho. Aquele de machucar os outros. Aquele de não ser quem sonhei. Aquele de estragar tudo. 
Repito as palavras que para mim sempre fizeram sentidos, e na contestação sem fim, duvido de mim mesmo. As palavras de tanto repetidas perdem sentido, e não sei mais o que fazer.
Felicidade que se cruza com tristezas e se cruzam novamente sem parar.

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Frases bobas daqueles que amam...

Já não sei bem o que é isso que acontece em mim. Como uma explosão dentro do meu peito que não me deixa dormir. 
Os sentimentos que transitam em minha essência é traduzido pelo mais puro e sincero amor. 
Amar... mas o que é isso? Tantos já tentaram desesperadamente traduzir tal palavra, mas ao final só encontrava palavras confusas de contrariedade.
Talvez não saiba bem como dizer, mas você me ocupa a cada centímetro.  Acordar ao seu lado me faz respirar. Aqueles 5 minutos que me dou de presente todas as manhãs de abraçando mais um pouco me prepara para a vida. Um beijo apaixonado me da vontade de viver. 
E cada despedida um pedaço de mim que fica para traz. 
E cada reencontro um deslumbramento. 
Nunca consigo lembrar realmente como você é linda, e quando te vejo, só me apaixono novamente.
Amar, amar... sei lá o que é.
Sei que minha existência já tem dependido da sua.
Seu sorriso é o que me faz perceber que ainda vivo, pois sem ele o mundo parece parado.
Já não sei como falar, já não sei o que fazer, já não sei se é possível traduzir tudo que sinto de uma forma entendível para qualquer pessoa que não tenha passado por isso, e muitas vezes que até já passou,  mas o meu sentimento é tamanho que duvido que tenha existido assim.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Da desvalorização da arte...

Recentemente tenho me perguntado muito qual o valor da arte.
Entre conversas da vida cheguei ao entendimento de pessoas próximas que nem toda arte deve ser valorizada. Talvez tenha sido uma maneira estranha de se mostrar preocupação, mas as frases terminaram no entendimento que só algumas formas artísticas tem valor "comercial".
Pensando em teatro, basicamente, só se deve pagar pelas artes encontradas no grandes teatro, onde o glamour e os statos social estão presentes. Principalmente se nesse envolvimento existir grandes nomes da televisão. Talvez o teatro não tenha mais a força que um dia teve, e agora o único propósito seja para mostrar em carne e osso as figuras que são frequentemente vistas na televisão. Isso porque sabemos que os teatro são ocupados quase por completo, na pior das ocasiões, mesmo o espetáculo não sendo assim tão bem feito quanto se deveria (se é que realmente exista uma forma certo de estar "bem feito").
O teatro, ou as artes das cenas (podemos ampliar esse questionamento para as artes efêmeras da cena), estão ocupando diversos lugares importantes da sociedade, como projetos sociais, hospitais, reabilitação de pacientes, entrosamentos de pessoas com dificuldades de relacionamento, as praças, ruas, presídios, igrejas, e os mais diversos lugares possíveis, mas a visão imposta pela sociedade, para essas artes é de algo desnecessário, um passatempo, ou até uma forma de se sentir bem consigo mesmo ao ajudar o próximo. Com essa visão a profissão dos artistas é desvalorizada, e a qualidade da arte quase que inexistente.
Pensando em trabalho de palhaços nos hospitais. Temos alguns hospitais que entendem esse trabalho como essencial e acredita na profissionalização dos envolvidos, mas em grande maioria e também na visão da sociedade, esse é um trabalho unicamente voluntário, você tem que estar lá com o único intuito de trazer risos para os pacientes. Como já discuti diversas vezes antes não acredito que o palhaço entre no hospital pelo riso, pelo menos não os que são preparados para o trabalho, mas não vou prolongar essa questão no momento.
Se o trabalho só pode ser realizado voluntariamente, não vai acontecer uma profissionalização dos envolvidos e diversos erros que não poderiam acontecer dentro de um hospital, pela fragilidade de todos que lá estão aconteceria. Pensar em trabalho voluntário, quase sempre se cai em um desorganização que as pessoas vão só quando podem e nem sempre são as mesmas pessoas. Entra e sai novos integrantes a todo o momento, deixando quase impossível de se preparar a todos que lá querem ajudar. 
Entendo a vontade de todos em ajudar, em fazer algo bom pelo outros, mas eles não entendem a fragilidade que aquele espaço tem. 
Quem é responsável por algum erro cometido por um voluntário, como talvez, dar um doce a crianças com diabetes, ou então comida a pacientes que estão em jejum, se contaminar com alguma doença por não saber cuidados básicos de higiene hospitalar, ou até pior, contaminar alguém que já se encontra com a resistência baixa por diversos motivos.
Considerando esses poucos pontos que citei (e ainda teria muitos outros a falar) podemos e, ainda mais, devemos desvalorizar a arte? Ou investir em profissionais que sabem como lidar nesses espaços? A importância da arte no hospital não entra em discussão, pois são tantos os exemplos e as pesquisas que apoiam projetos do gênero de acontecer. Para finalizar de hospitais, seria possível uma pessoa estar pronta para lidar com tantas fragilidades em menos de um ano de preparação? (isso sem contar na preparação artística necessária para o trabalho acontecer) E seria então justo, uma pessoa que estuda durante cinco anos numa faculdades mais três anos de preparação e experiência dentro de hospitais, não receber se quer a passagem do ônibus usado para chegar no local de trabalho, mesmo que ele ocupe no mínimo 2 dias uteis quase que completos para que seja possível realizar esse trabalho? (Médicos, enfermeiros, porteiros, funcionários da limpeza, da cozinha, seguranças e qualquer outro trabalho dentro do hospital é remunerado e ninguém fala "Você tinha que ir no hospital voluntariamente, para ajudar os outros", porque o artista tem que abrir mão de seu pagamento então?)
Me demorei nos hospitais, mas foi um assunto delicado em que passei, mas me vi com questionamentos de outros espaços que ocupava, como por exemplo, as ruas e praças. Quando um circo chega na cidade, todos pagam para ir ver os palhaços, os malabaristas, mágicos e tudo mais, ninguém considera isso uma "esmola".  "Vou dar uma moedinha para ele comer." Ou você paga a entrada, ou você não vê o espetáculo que vai acontecer. Quando esses artistas se deslocam da "proteção" da tenda e vai em uma semáforo apresentar, muitas vezes, o mesmo espetáculo, o entendimento que muitas pessoas tem é de dar esmola aos pobres, "Vou ajudar esse ai que está passando fome". O espetáculo esta lá, GRATUITAMENTE, você assiste, você se diverte, e se achar que foi merecido, você paga o quanto você achou que aquela arte valeu no momento. Aceitamos as moedinhas alegremente, mas treinamos tempo suficiente para receber notas de valores mais expressivos, claro, isso é escolha sua. 
A questão é, porque dentro de uma tenda é arte, e fora dela é pedir esmola?
O mesmo se repete nos espetáculos de rua, dentro de uma teatro majestoso, é arte, da melhor qualidade, em uma praça, aberto para todos verem, é vagabundice, vale meus 5 centavos que estão perdidos no bolso da calça.
Claro que não quero ser extremo em falar que daqui para frente só deem notas de cinquenta reais para artistas de rua, mas tento é refletir sobre a valorização da arte. Não tem problema dar 5 centavos, é o que você tem, você gostou e está tentando pagar por isso, ótimo, mas dê alguma coisa se tiver se divertido. Pegue suas moedas e pense estou pagando 1 hora de uma arte que me agradou, da mesma maneira que pagaria 20 reais para entrar no cinema, que pagaria todo mês 30 reais pelo netflix, ou 70 pela televisão com centenas de canais. Ninguém pensa que está dando esmola para as empresas de televisão, pensam que estão pagando para ter arte.
Para fechar esse texto, peço que pensem em quantas vezes ao voltar de um dia exaustivo de trabalho, você não se deparou com um artista de rua, que está ali dando todo seu suor gratuitamente, esperando ser valorizado o mínimo possível, e logo depois você se encontrava com um sorriso no rosto, menos estressado, sem pensar nas preocupações do trabalho e da vida? Ou então, quando estava doente, em um hospital frio, onde você não tem nada a fazer a não ser sentir dor e pena de si mesmo, um artista veio te levar para uma viagem por diversos universos (conhecidos ou não) e fez seu dia valer a pena a pesar do estado que se encontrava? Ou até mesmo seu filho, seu pai, sua mãe, seu amigo passou por essa situação e você viu uma chama de esperança se fortalecer nos olhos dele, logo depois de um palhaço terminar seu trabalho? E lembrando de situações como essas, e refletindo no quanto de trabalho aconteceu para que aqueles poucos minutos de arte transformasse sua vida, quanto você pagaria?