O dificil é ter que conviver com aqueles velhos medos que nunca me abandonam. Entender que dia apos dia eles insistem em me perseguir. Quantos caminhos tenho que percorrer? Quantas incertezas tenho que confirmar? Por quantas vezes não serei reprimido por ser assim, simplesmente eu?

Depois de tanta busca, de tanta reflexão, de tanto tempo... começo a entender que sou. Por que não posso ser assim?

Ou talvez a pergunta seja "por que ser assim?"

Gosto de fechar meus olhos, e acreditar que as coisas vão acontecer. Aquelas palavras vão ser ditas, aquele vento vai bater, aquela chuva vai cair, aquele beijo acontecer, aquele tempo vai passar.

A insistência do tempo ao mesmo tempo que me incomoda me consola. Brigo com ele dessa maldita mania de passar, de correr, de voar em minha vida, mas agradeço profundamente por isso.

O tempo me moldou como o mar molda o litoral. A constante mudança me agrada.

E me assusta esse movimento parar.

Para aqueles todos que me olham e insistem em pensar que só estou ali, eu estou onde o mundo me atrai, por quanto tempo eu me quiser por lá.

Na solitude da vida, eu me encontro e me perco a todo o momento. 

Me jogo de qualquer penhasco para ter certeza que ainda sinto.

A necessidade do medo, me incomoda, não gosto que ele me abandone.

Me encontro no desconhecido pois sempre me canso do que já sei.

Insisto eternamente em acreditar no impossível.

Sei que os caminhos traçados se repetem, e que círculos são feitos,

Mas como aceitar o aceitável?

Me incomoda as pessoas insistirem em quererem me mudar,

Mas eu entendo que nem sempre vou encontrar esse lugar

Que insisto em passar.

Sem se quer perceber, o mundo toma seu rumo.

Uma vontade oculta, um salto no escuro.

O resultado não me importa, o caminho já me agrada, aquela velha mania de gostar dos detalhes.

Eu entendo a inconstância da vida, os medos, as incertezas, eu entendo que não sou capaz de resolver todos os problemas do mundo, mas eu gosto de tentar. 

Na minha memória se repete aqueles velhos versos: "Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono. " que continuam. "Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém,preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer." .

E é isso. Eu também não sei se vai dar certo, não sei o que vai ser, mas se eu não acreditar, quem acreditaria? Quem?

Então, a vida se simplifica, eu acredito, eu faço, eu fecho meus olhos e me jogo, afinal de contas, não seria essa minha primeira tentativa de voar.

Entre indas e vindas, me reencontro. E sei, como já sabia, que nasci para o mundo, para conhecer pessoas, para viajar. A mesmice da vida cotidiana me incomoda, mas como viver em sonhos?

Aquela sensação de dar risadas com amigos que se cria em poucos minutos e que em mais em alguns poucos parece que conheceu a vida toda, é fenomenal. Saber que nesses momentos você pode ser tudo, mas ainda assim escolher ser você mesmo. Viver arte. Rir. Virar a madrugada sem a preocupação de nada. Acredita que tudo vai ser tão perfeito como poderia ser.

Se a vida é uma viagem, porque não viajar por ela?

Acreditar no infinito é uma escolha!

E agora em diante tenho o resto da minha vida pela frente, o que fazer? o que não fazer? Um pulo no escuro é o que me sobra. Acreditar nas possibilidades da vida ser tudo que deveria ser. Aqui, ali, onde for. Saiu com aquele gosto de eternidade, aquela eternidade que sobra nas lembranças e nas saudades. 

Então, você revê sua vida a procura de qualquer resquício de arte que possa valer a pena.