terça-feira, 31 de maio de 2016

Queria que as pessoas parassem de me cobrar tanto atenção, como se eu fosse o único que tivesse que demonstrar afeto e, só para variar, me procurasse também. Sinto uma pressão constante das pessoas em quererem que eu seja quem ela pensam que eu sou, e mesmo eu repetindo, diversas vezes, que não sou como ela imagina, no final se não sou do jeito que elas desejam o errado continua sendo eu.
Eu sumo, eu ocupo minha cabeça com coisas diferentes, eu mudo minha rotina constantemente, eu esqueço das coisas, eu canso de ficar atrás de alguém e não ter retorno, eu simplesmente me dou bem sozinho, o que não quer dizer que eu queira estar sozinho a todo o momento. 
Será tão difícil as pessoas serem sinceras com suas vontades? Sem medos. Porque é tão difícil adivinhar o que a pessoa espera de você. O que não quer dizer que vai ser exatamente do jeito que você quer.
É tanta cobrança e tão pouco interesse por mim. 
Quantos sabem o que tem sido ser eu? 
Meu jeito palhaço de ser não exclui a existência de dores, medos e tristezas de mim, só tento estar sempre aberto para os outros, para receber, cuidar, aquecer e dar um sorriso sincero nas maiores dificuldades. É só que as vezes é muito dificil sorrir e isso não quer dizer que gosto menos de você, ou que estou mudando o que sou, só que estou sendo um pouco sincero comigo ou então só não tenha forças para ser algo além.
Uma respiração de cada vez. Sorria. Eu não sou nada além do que sempre fui.

quarta-feira, 25 de maio de 2016

Amigos

Sinto sua falta. Não que eu tenha a necessidade constante de estar com você, ou que eu esteja planejando que a gente passe o resto das nossas vidas juntos, mas tem algo que ficou em você e faz parte de mim. Alguma coisa me falta sem a certeza que você está ali comigo, da mesma maneira que sempre estive com vocês. Nesses últimos meses perdi muito em minha vida, coisas que ainda não consegui aceitar, digerir ou até mesmo me recompor. O fato de perder mais coisas de tamanha importância me causa medo.
A minha vida não tem sido fácil, não tem sido leve. Minha vida tem sido uma constate luta contra mim mesmo. Eu acordo todas as manhãs respirando e tentando me enganar mais um pouco na esperança que eu não desista de mim mesmo. Uma constante respiração forçada. Tiro pelo menos uma hora por dia me focando só em respirar para não deixar que o pânico da existência me ataque. Tento repetidas vezes planejar um futuro que não me produz frutos, lutar por algo que não tenho nem mais certeza se desejo, mas eu tenho que desejar algo, caso contrário, eu desisto.
Talvez seja um total egoísmo meu, mas eu precisava de você. Precisava que viesse me dar um “oi”, perguntasse do meu dia. Falasse sobre o futuro, o passado, o presente. Que falasse sobre os filmes que eu odeio, ou então sobre moda, revistas, sapatos, chocolate, viagem, filhos, pais, brigas, que fosse sobre como a existência ao lado de uma borboleta pode ser insuportável, tanto faz. Tem algo em você que deixa a vida leve. Tem algo em você que simplesmente encaixa.
Não preciso de um amor para vida inteira, ou de alguém que abandone tudo por mim. Não preciso que venha me ver. Não preciso que tenha dó ou que tente achar uma solução para mim. Não preciso de um beijo, nem mesmo de um abraço. Não preciso de nada grandioso, eu sempre me importei mais com os detalhes.
Preciso de simplicidades. Uma pitada de atenção. Duas colheres de riso. Meia xícara de carinho. Dez gramas de nostalgia. E para terminar bobeiras e besteiras a gosto. Misture tudo com delicadeza, passe para uma vasilha bem larga e deixe fermentar com um pouco de cevada. Depois colocar no forno para esquentar e servir com um vinho barato em qualquer lugar do mundo.
Ausência é algo que demora a ser preenchido. Todas as vezes que pensei preencher, me transbordei com você. Talvez eu esteja furado porque eu continuo vazando. Sei lá.

domingo, 22 de maio de 2016

Sou a sombra do que você esqueceu.
Um refúgio de solidão.
Talvez amanhã qualquer sol me ilumine,
Talvez a escuridão me consuma.
Hoje me afogo em mim mesmo.
Sinto o vazio da existência.
Sinto falta da serenidade.
Voar pelo infinito sem medo de cair.
Cair na repetição dos sorrisos.
Uma foto rasgada em mim.
Memórias em cinza.
Ausências.
Talvez amanhã.
Talvez...

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Da onda.

Um dia vi minha vida desmoronar. Tudo se desfez como um simples laço de presente puxado pelos dois lados. De repente vi meus planos morrerem, me vi doente, me vi sozinho, me vi perdido. Olhei ao meu redor e só vi escuridão. Só vazios. Só ausências e dores.
Cheguei em lugares que nunca imaginei chegar. Me tornei o que nunca imaginei ser. Perdi por completo o que era, e depois que se perde é simplesmente impossível voltar a ser a mesma pessoa. Como esquecer machucados que ainda sangram em mim?
De qualquer maneira, me retirei do mundo por alguns meses, me afundei em mim mesmo na tentativa de me reencontrar. Depois de bons meses de um sofrimento que não estava acostumado a passar percebi que não podia estar sozinho. Mas também não queria estar com ninguém. 
Como qualquer pessoa com o minimo de sanidade, não me entreguei as festas e bebedeiras, o que pode ser o mais esperado. Me entreguei a meus amigos. Viajei repetidas vezes para encontrar pessoas que me confortavam. Não procurei por romances, por sexo ou coisas do gênero. Procurei por abraços, confortos, segurança e sorrisos. Procurei por coisas leves, por pessoas leves. Procurei a felicidade.
Já se passam mais de um semestre que tudo aconteceu e ainda não posso falar sem pestanejar que tudo já se passou, porque ainda me aperta o peito ouvir uma música, ver uma foto ou lembrar de algo assim.
Isso não é de todo ruim, tudo tem seu tempo e meu tempo de enterrar tais sentimentos em mim ainda não chegou, mas por outro lado, refleti sobre tudo que se foi. 
Um dia qualquer, li em um lugar qualquer, uma noticia em que dizia que os psicólogos comprovaram que não é possível ser amigo de alguém que realmente amou, ou continuam se amando, ou não se falam mais. 
Tenho minhas dúvidas sobre tal assunto, considerando meu histórico e por muita coisa que passei.
De qualquer maneira não é sobre isso que quero discutir, não exatamente, pelo menos.
Em um dos dias vazios de solidão das madrugadas, perdido em meu próprio quarto no escuro eu falava comigo mesmo, não aquelas conversas que são extrapoladas pela voz, mas aquelas constantes discussões que fazemos em nossas cabeças. Nela eu discutia comigo mesmo sobre amor, sobre continuidades, sobre se algum dia eu seria capaz de simplesmente passar por cima de tudo que se foi e ser "amigo" (ou qualquer coisa do gênero). Não que acredite que ela queira algo assim, só pelo simples fato de entender onde estou e o que sinto. Afinal, quem nunca ficou considerando todas as possibilidades da vida em sua própria cabeça, se preparando para qualquer acontecimento ou qualquer coisa do tipo?
Bom, eu faço isso de vez em quando.
Nessa conversa tentava entender como outros relacionamentos foram tão simples de se resolver antigamente. Um lugar que cheguei foi ser um pouco mais maduro em aceitar que certos amores que passei não foram tão amores como me fiz acreditar no momento. Isso pode acontecer quando a pessoa gosta de levar todos os sentimentos ao extremo e, talvez, eu seja um pouco assim. Tive alguns relacionamentos intensos que cheguei acreditar em amor, mas hoje vejo que foi paixão, admiração, tesão, ou qualquer coisa intensa, mas não amor.
Seguindo esse pensamento também encontrei algumas pessoas que amei e percebi que cada relacionamento em que o amor estava realmente envolvido o resultado foi totalmente diferentes (mesmo algumas similaridades). Cada amor tomou seu caminho.
Teve os que foram ser aflorar em amizade. Os que se tornaram história. Os que se repetiram. Os que simplesmente foram embora.
Engraçado, que esse que ainda tento entender foi o mais diferente de todos. Foi um amor devastador. Me pegou de surpresa e camuflado de serenidade foi devastando meu mundo, me transformado, me mudando. Não sei dizer ainda se isso foi realmente bom ou realmente ruim, ou se existe um equilíbrio que ainda não consegui encontrar, mas foi um amor profundo. 
Esse amor foi como uma onda. Ele veio com calma, mas me fazendo mergulhar por completo e quando estava dentro dessa onda, não consegui ver a força que estava caminhando, percebia o tamanho que tal onda alcançava, mas acreditei por inteiro que seria capaz de surfar por essas águas sem perceber que um tsunami se formava envolta de mim. Eu tentei nadar com essa onda, tentei nadar contra, até que simplesmente deixei ela me levar achando que a dor seria menor. O que não tinha percebido é que essa onda levaria muita mais do que meu corpo, levaria minha casa, minha sanidade, minha vontade de continuar nadando. E sem nem entender direito estava com os ossos quebrados em meio a destroços de vida que sobraram em volta de mim quando toda a água desse mar tinha voltado a ser o que simplesmente é... água.
Me encontrei em ruínas de mim. Via meus pedaços jogados pelos cantos. Vi meus sonhos destruídos. Via tudo que nunca quis ver.
Com isso, chego ao começo do meu texto, e talvez a me repetir, mas depois que um tsunami destrói tudo é impossível tudo voltar ao normal. Ali ficam memórias, ficam dores, ficam marcas. Você pode pegar um foto de como tudo era antes dessa força da natureza e tentar copia-la com perfeição, mas ela nunca será a mesma. Não vão ser as mesmas madeiras, os mesmos tijolos, a mesma árvore com o coração riscado no tronco lembrando de um amor de criança, ou então o mesmo buraco do canto da rua em que você usava para subir com a bicicleta, ou até mesmo aquele lugarzinho que você simplesmente se encaixava. Não vai ser a mesma tinta da parede entre tantas outras coisas não serão.
Talvez isso não seja algo ruim, talvez aceitar que nada será igual é necessário, mas desapegar de alguém que você gostava de ser é desapegar de metade de você e se você não é quem gosta de ser, quem é você?
Quem?