domingo, 13 de maio de 2012

Querida amiga,

Que péssimo amigo sou eu que passo meses sem dar notícias, não é? Eu, às vezes, esqueço que as pessoas estão longe. Não sei bem o porquê, mas eu me acostei a estar longe das pessoas. Não que você não faça falta para mim, e como faz, mas a ausência é algo que nunca me incomodou.
A minha vida anda bem simples, o que não é algo que me agrada muito, já que o simples é tão complicado para mim. O tempo tem custado a passar. Os dias parecem semanas e as semanas não passam nunca! Tenho vivido na suspensão. Se é que isso queira dizer alguma coisa. Meu futuro não existe, meu presente não existe, só existe a tentativa constante do passado se recriar. Não que eu não queira mudar. Eu quero, mas a mudança não acontece nunca.
Passei seis meses parado. O vento não soprava. O sol não esquentava. O Mundo não girava. Passavam os pensamentos, passam as pessoas, passavam os sentimentos, mas não o tempo. Por seis meses o tempo parou. Vivi assim, no sonho desejado... “tempo”, “liberdade”, “ausência”... Muitas pessoas finalmente se encontram quando saem de suas gaiolas e vão para as jaulas do mundo, encontram sua “liberdade” na expansão da prisão. Eu não. Eu que vivia a cada segundo na minha humilde possibilidade de voar por todos os mares, me perdi quando entrei nessa jaula. Como mudar o que você é, quando você já é tudo que você deseja?
Dizem que quando você é preso injustamente por pessoas que não concordam com o seu jeito de ser, isso afeta de qualquer maneira o mais intimo de si. Por meses me mantive nessa prisão, com breves momentos de sol. De repente quando sai, escapei e voltei de onde tinha parado, percebi que já não conseguia voar como antes. Percebi que as pessoas já não me queriam como antes. Percebi que a vida já não era como antes. O tempo para e parece impossível voltar ao que era.
Nessa minha “volta”, muita coisa perdi. Sinto-me sozinho em momentos que não deveria. Falta-me vontade. Preciso da minha linda e aconchegante solidão. Ainda amo, tudo que amava, mas não aguento viver na “imersão” de paixões que vivia. Como pedir um tempo ao tempo? Sinto-me carente. Não sei por que, já que não me falta gente para me dar atenção.
Para falar a verdade, não tenho muito de interessante a contar. Queria me desculpar, por ser esse péssimo amigo. Não sei de nada que está acontecendo com você e mesmo assim venho falar dos meus problemas. Desculpe-me por tudo que fiz de ruim. Saiba que te amo e que sinto muita saudade de estar com você. Espero que um dia a gente se encontre de novo e voltemos a conversas sobre coisas banais da vida.

Um grande beijo de seu amigo

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