terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Encenação no século XVIII

Pode-se dizer que o estudo teórico da encenação do ator no teatro começa no século XVIII, provocadas por inquietações pessoais de três atores e estudiosos: Luigi Riccoboni, Carlo Goldoni e Denis Diderot. Eles questionam a maneira de se fazer teatro, com preocupações de resgatar ou aperfeiçoar os métodos do fazer teatral. Começando o estudo por ordem cronológica, que também traz uma ordem de modificação de pensamento da época, falaremos de Luigi Riccoboni.
Riccoboni acreditava que os atores, antes de pensar em um estilo de representação, devia trazer a consciência da personagem para o palco, fazendo assim a cena ser mais próxima da realidade, criando uma ilusão de que a cena que se passa são os personagens reais que estão fazendo. Tentando evitar ao máximo que os espectadores vejam atores em cena atuando. O ator não deve convencer racionalmente o público, mas deve comover e iludir a si mesmo e aos demais, sempre se preocupando em não exagerar e perder os traços humanos.
Mas é preciso ter cuidado ao trabalhar a alteração do humor da personagem, pois existe diferença entre mudar a fisionomia para expressar sentimentos, e fazer caretas. Se a peça for composta com entusiasmo, o ator também deve entusiasmar-se ao falar, sem perder o distanciamento necessário para surpreender o público que se aproxima da cena pela emoção. O texto fechado acarreta uma mecanicidade que impede o público de acreditar no que está sendo dito, por isso é tão importante o uso da improvisação, que traz uma organicidade maior para a atuação, que faz com que o espectador acredite em tudo que for dito. Por conseguinte, se a interpretação for de certa forma agida naturalmente, a ilusão e a percepção da platéia serão perfeitas.
Seguindo a idéia de Riccoboni, Goldoni também traz um estudo mais aproximado à realidade. Trabalha situações retiradas da realidade, facilitando aos atores de conseguir sentimentos mais reais, podendo assim aprofundar o estudo psicológico da personagem. Esse estudo faz com que os atores não caiam em uma mecanicidade, deixando a atuação mais fluida e orgânica.
Em contraponto, Goldoni prefere escrever integralmente todos os diálogos desenvolvidos, eliminando a característica de improviso, que Riccoboni acreditava trazer mais veracidade a cena. Com isso valoriza o ator, por meio da dramaturgia que é mais adequada.
Diderot acreditava muito no que Riccoboni e Goldoni traziam, mas tinha outra forma de se chegar a esse resultado. Ele se desprende do texto trabalhando mais a relação do ator com a peça, dando grande importância a voz, o gesto e o ator em relação aos silêncios, evitando assim a teatralidade excessiva, impedindo que o ator caísse em um abismo de linguagem entre o drama e a vida. Diderot também era um critico de teatro em relação à atuação, trazendo assim algumas perguntas essenciais para os atores da época: “No que consiste a busca pela vida no teatro”, “Como manter no tempo a qualidade do trabalho do ator?”, “Existe arte verdadeira se o ator não vive o personagem?”. Essas perguntas traduziam sua idéia de atuação.
Outro processo muito usado por ele é o da exaustão, após inúmeros ensaios, o ator consegue atingir a perfeição na imitação, depois de ter um distanciamento da primeira perspectiva da personagem e do texto, sua sensibilidade aflora o talento. Com isso a representação cria um afastamento entre personagem e ator, pelo fato de que representando a personagem impede que ele a seja por completo. Ou seja, encontra a diferença entre a realidade do ator e da personagem.


Felipe Braccialli e Gabriel Pazotto

Nenhum comentário:

Postar um comentário